As férias da pascoa vêem ai.
Duas maravilhosas e magnificas semanas de férias, após mais um longo período de aulas.
Era bom quando pensava assim.
Era bom estar no 8º ano de escolaridade.
Mas agora estou do outro lado, o lado do professor que tenta fazer com que os alunos, que estão todos os dias perante a sua presença, se tornem futuramente bons cidadãos, pessoas cultas e bem formadas.
Não importa se sabem a matéria de cor e salteado, ou se são super-hiper-mega inteligentes.
O que importa é que no futuro saibam tomar as suas próprias decisões, e que sejam pessoas assertivas.
Pelo menos é o que me tenho apercebido nos últimos meses, ao dar aulas aos alunos do 8ºD, da Secundária Sebastião da Gama. Inicialmente estava tão nervosa, deixando que o medo de ser rejeitada ou ignorada por aqueles adolescentes de 13 anos se apoderasse totalmente do meu corpo, mas essencialmente da minha mente.
Hoje ao fazer uma retrospectiva de todas as aulas leccionadas, consigo ver tudo de uma outra forma. Inicialmente quando eles falavam até doerem-lhes as bocas (o que era impossível, pois têm uma resistência nata), ou quando não prestavam atenção ao que eu dizia, como se eu fosse de outro planeta e não comunicássemos da mesma maneira, ou quando brincavam com todo o tipo de objectos e, basicamente faziam tudo nas aulas sem ser o que lhes era pedido - não liguei, nem lhes dei muita importância. São miúdos!
Mas particularmente porque já tive a idade deles, sei como era, sei a aluna que era. A minha mão pedia-me apenas para nunca ser mal-educada.
Mais tarde apercebi-me que esse facto não era desculpa para não lhes chamar à atenção.
Todos passamos pela adolescência, aquela bela fase do armário e tal.
Mas temos que crescer.
É um processo que leva o seu tempo e que custa.
Dói crescer! Mas se não lhes mostrarmos de que é importante crescer, para futuramente sermos autónomos, termos capacidade de saber o que está certo e o que está errado, quem e quando é que alguém lhes mostrará?
Ainda hoje tive uma reacção passiva com um dos alunos. É um aluno que necessita de imensa atenção, tenta ser de certa forma o mais bacano, o fixe da turma e não sei quê. Tretas! Precisa dessa espécie de aprovação para ter uma boa auto-estima apenas. E independentemente de não ser a sua autoridade master na sala de aula (tenho o acompanhamento do professor de Área de Projecto e a minha espécie de coordenadora, que também é a professora deles de Educação Física), ele já tem idade para saber o significado da palavra respeito. Saber quando tem que fechar a matraca que o tem feito um dos miúdos mais chatos que se inseriu na minha vida todas as quartas-feiras.
Perante um aluno destes, que apenas tem é corpo, mas cabeça só a usa para o que lhe convém, devemos ter uma atitude passiva visto que ele já tem uma idade em que muito ou pouco nada se alterará? Ou devemos continuar a insistir e nunca desistir de regar aquele feijãozinho que habita dentro da sua cabeça há já alguns anos?
Custa-me ter uma atitude passiva, porque com essa questão vem outras como ‘se eu deitar as beatas dos cigarros que fumo para o caixote, o mundo vai ser um local mais limpo, mas para quê faze-lo se mais ninguém o faz?
Mas o problema está mesmo ai, se ninguém o faz e eu também não o fizer, quem o fará?
Sentarmos à espera que alguém um dia o faça?
Não! Pois quando der por mim já pode ser tarde demais.
Mas sozinha conseguirei mudar alguma coisa?